Veículo: Site: Imobili News – Seção: Notícias – 23/01/2012
Especialista diz que captação do FGTS e poupança faz taxa de juro ficar alta
Captação. Em muitos países, dinheiro para financiar crédito imobiliário vem de depósitos à vista
Enquanto os juros do financiamento imobiliário são, em média, de 4,75% ao ano nos Estados Unidos, numa simulação no site dos grandes bancos no Brasil, os juros para um crédito de R$ 200 mil, de um imóvel de R$ 400 mil, podem variar de 11,35% ao ano, no Banco do Brasil, a até 12,48%, no Itaú. A diferença é chocante entre os dois países e de mais de 1% dentro do país.
O especialista em crédito imobiliário, José Pereira Gonçalves, afirma que é muito difícil a portabilidade se concretizar no Brasil porque as instituições financeiras praticam taxas muito próximas e os custos cartoriais são elevados. José Pereira explica que, no Brasil, o crédito imobiliário vive de recursos do FGTS e da poupança. “Os bancos pagam 6% de juros no FGTS e 8% na poupança e acabam repassando para o cliente final”, informa Gonçalves.
Para o especialista, os bancos teriam que ter no Brasil outras captações de recursos para financiar imóveis. “Nos outros países, os bancos utilizam recursos de depósitos à vista e, por isso, não têm custo de juros para o banco repassar”, explica.
Mas a gerente jurídica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Maria Elisa Novais, acredita que a situação pode mudar no Brasil, desde que o consumidor saiba mais sobre o assunto. Para Novais, o consumidor só conhece os produtos que o banco faz publicidade. “E o banco não tem interesse em divulgar a portabilidade”, afirma. Para a advogada, o consumidor sabe pouco. “A ideia de portar o crédito é uma questão de concorrência e não há disputa entre os bancos”, critica.
Maria Elisa diz que a vantagem da portabilidade é para um dos lados da operação; o consumidor. “O que muda é a taxa de juros, então muda o valor da prestação e o tempo para pagar. E a dívida transferida não pode ser aumentada”, orienta.
O diretor-presidente da FinanciarCasa, Raphael Rotggen, diz que uma concorrência agressiva, com propaganda para tentar convencer clientes a mudar de um fornecedor para outro, é comportamento típico de mercados mais maduros, como o da telefonia celular. W.S., outro empresário que não quis ter o nome divulgado, também penou com a burocracia quando fez portabilidade. “Demorou dois meses e gastei R$ 5.000 em todo o processo”, contou W.S, do Triângulo Mineiro.
Em queda
Operações. De acordo com levantamento do Banco Central (BC), em 2011, foram realizadas 379,1 mil operações de portabilidade de crédito no país. Em 2010, foram 405,5 mil operações.
CONCORRÊNCIA
Bancos evitam oferecer benefício a novo cliente
A Caixa Econômica Federal (CEF), único banco que se dispôs a falar sobre o assunto, informou, por meio de nota, que não pratica taxa de juros diferenciada para clientes que querem portar seus créditos de outras instituições para lá.
Quanto aos clientes que manifestam interesse em portar seus créditos imobiliários para outras instituições financeiras, a CEF disse que não coloca qualquer obstáculo. “Até mesmo porque, neste caso, a atribuição da instituição financeira se limita a informar o valor da dívida e, ao receber o valor para sua liquidação, fornecer a baixa da garantia hipotecária”, afirma.
O advogado especializado em direito imobiliário, Rodrigo Karpat, diz que a pessoa tem que ter consciência dos custos com a avaliação do imóvel e o registro. “Se a pessoa tiver um financiamento antigo de juros de 12% ao ano pode valer. A pessoa tem que ir ao banco dela para ver se consegue condições gerais melhores”. (HL) (OTempo-BH)