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Síndicos adotam rodízio e fecham piscinas para fugir de multa na conta

Síndicos adotam rodízio e fecham piscinas para fugir de multa na conta

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Cisterna, caixa d’água extra e até soprador ajudam na economia. Medidas contribuíram para diminuir o gasto e a conta de condomínios.

Janeiro é o primeiro mês em que o aumento do consumo de água será alvo de multa em São Paulo. Para economizar, fugir da multa e manter o conforto dos moradores, síndicos adotaram medidas que incluem até a imposição de rodízio.

PISCINA PROIBIDA

Fabio Arra, síndico que mora há 10 anos no Condomínio Cores da Barra, na Barra Funda, Zona Oeste, reviu os gastos após o prédio ficar duas vezes sem água. “O maior consumo, além das unidades, era com a piscina.”

Moradores decidiram em assembleia mudar os dias de uso: a piscina, que era aberta de terça a domingo, passou a funcionar somente aos sábados e domingos. “A economia que nós estamos tendo há 3 meses desde que fizemos isso ocasionou o bônus da Sabesp e atingimos a faixa de 30%.” O desconto foi de cerca de R$ 7.500.

SOPRADOR NA LIMPEZA DE ÁREAS COMUNS

Um condomínio comercial na Água Branca, Zona Oeste de São Paulo, aposentou a mangueira e a vassoura. Agora, os funcionários utilizam um soprador para retirar folhas de árvore e demais sujeiras que acumulam no pátio.

O equipamento que assopra e também aspira é muito comum em países europeus e nos Estados Unidos. Com a falta d’água, a procura aumentou. No ano passado, aqui no Brasil, as vendas cresceram 30%, segundo o fabricante. O preço do equipamento varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil.

Segundo o gerente predial do edifício, Sérgio Caló, o soprador é econômico. “É um motor pequeno, que gasta um litro de gasolina por semana, cinco litros ao mês no máximo.” Antes, três funcionários gastavam seis horas para limpar a área comum no condomínio. Agora, apenas um resolve tudo em duas horas.

POÇOS ARTESIANOS

A criação de poços artesianos foi uma das maneiras encontradas por alguns edifícios para economizar na conta de água. A procura maior por este serviço fez com que o preço aumentasse 50%, chegando a R$ 50 mil.

A empresa, que existe há 25 anos, recebe diariamente até 100 ligações de síndicos pedindo orçamento. “Devido a essa demanda, nós estamos trabalhando em dobro. Temos muito serviço, tanto na manutenção, quanto na perfuração”, disse o empresário Dinarte Marcelino Pinto.

POÇOS ARTESIANOS

A criação de poços artesianos foi uma das maneiras encontradas por alguns edifícios para economizar na conta de água. A procura maior por este serviço fez com que o preço aumentasse 50%, chegando a R$ 50 mil.
A empresa, que existe há 25 anos, recebe diariamente até 100 ligações de síndicos pedindo orçamento. “Devido a essa demanda, nós estamos trabalhando em dobro. Temos muito serviço, tanto na manutenção, quanto na perfuração”, disse o empresário Dinarte Marcelino Pinto.

Lá, toda a água da chuva é coletada por vários ralos. Uma tubulação especial leva tudo para o compartimento. “A gente colabora com a natureza”, disse a síndica do prédio, Nelza Gava de Huerta.

Na Vila Leopoldina, Zona Oeste, um prédio escoa a água da chuva por canos até um reservatório de 70 mil litros. Lavar a calçada e a garagem com água reaproveitada gera, há sete anos, economia de até 30% na conta.

RODÍZIO VOLUNTÁRIO

O síndico de um condomínio com 840 apartamentos e mais de 2 mil moradores em Osasco, na Grande São Paulo, decidiu fazer rodízio de água. “É um racionamento interno, para que todo mundo tenha água para poder cozinhar e tomar um banho quando chegar do serviço”, disse Leandro Peter.
A medida foi tomada no começo do ano, quando a Sabesp passou a cortar o fornecimento. A água chega somente até as 15h. Quando as caixas d’água chegam num nível crítico, o síndico corta o fornecimento para os apartamentos.

Medida semelhante tomou a gerente de condomínio Vânia Soares do Carmo, do Conjunto Habitacional Nova Perdizes, no Limão, Zona Norte. “Nós estamos fechando a água das 10h às 17h e o fechamento da piscina é de segunda a sexta. Estamos pensando agora em fechar definitivamente.” A economia gerou bonificação de 20% na conta da Sabesp.

SÍNDICO PODE VETAR?

Os síndicos podem vetar uso de áreas comuns?

Para o advogado Rodrigo Karpat, especialista em Direito Imobiliário, o sindico precisa promover o debate com os seus vizinhos antes da medida. “O síndico deve ter o respaldo do condomínio, porque uma churrasqueira, por exemplo, pode ser mantida com a utilização de água de reúso ao invés de ser proibida a sua utilização.”

Já o advogado Márcio Rachkorsky, especialista em condomínios e consultor do SPTV, os síndicos podem vetar mesmo sem assembleia. “Estamos em um estado de necessidade. O síndico não está brincando de cortar água. Precisa fazer isso como forma de cooperação”, disse.

O advogado Daphnis Citti de Lauro, especialista em direito imobiliário, diz que transparência  é fundamental para evitar conflitos. “Afixar cópia das contas de água em locais bem visíveis, sublinhar o consumo e até mesmo fazer um gráfico mensal para que todos acompanhem o comportamento do consumo”, afirma.

DESCARGA ECONÔMICA

A preocupação com a economia não se resume aos síndicos. O aposentado Gentil da Silva Muniz, de 67 anos, morador do condomínio Panorama, no Jaguaré, decidiu colocar uma garrafa de refrigerante de 600 ml dentro da caixa acoplada, que fica atrás do vaso sanitário. Dessa forma, ele “engana” o sistema hidráulico da descarga: em vez de encher a caixa com 6 litros de água, o encanamento libera 5,4 litros. “Como são dois vasos, é 1,2 litro de economia.”

O idoso também decidiu dar novo destino à água que antes ia pelo ralo do chuveiro. Como no prédio o aquecimento é a gás, muitos litros eram desperdiçados até que a água esquentasse. “Agora, a gente tem levado baldes para o banheiro para pegar essa água e utilizar no vaso sanitário.”

CAIXAS D’ÁGUA EXTRAS

No condomínio Panorama, no Jaguaré, Zona Oeste, o síndico Marcelo Abreu decidiu implantar uma série de medidas de restrição.

As seis torres, com 384 apartamentos ao todo, já possuem uma caixa de água de 60 mil litros cada uma, além de uma reserva de 200 mil litros para todo o condomínio. No entanto, o condomínio decidiu instalar três cisternas com capacidade total de 30 mil litros e, em dezembro, pediu perfuração de poço artesiano. A piscina fica fechada às segundas-feiras, e a limpeza, que era realizada quatro vezes por semana, diminuiu para duas. “Nós aprovamos em assembleia a restrição do uso das piscinas. Nos salões de festas, se a água não chegar, vamos restringir o uso.”

O gerente de TI Thiago Baptista, síndico de um condomínio em Pinheiros, também lançou mão de uma caixa extra. Antes, porém, revisou toda a parte hidráulica do edifício. “Coloquei o zelador em todos os apartamentos para ver se algo estava vazando”, disse. “Ativei uma antiga caixa d’água para ser usada como água de reuso.”

Veículo: Portal G1
Seção: São Paulo

 

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