Quando o condomínio deixa de ser refúgio: o que revela o aumento da criminalidade

No cenário brasileiro atual, o crescimento dos índices de furtos e roubos em condomínios é uma realidade que exige atenção redobrada de todos os gestores e moradores. O conceito de condomínio, que por muitos anos esteve associado à ideia de proteção e refúgio contra a insegurança pública, vem sendo desafiado pelo aumento da criminalidade e pela sofisticação das quadrilhas especializadas nesse tipo de delito. Sistemas de segurança modernos, controle de acesso e procedimentos bem definidos são estratégias fundamentais para garantir a tranquilidade dos residentes, mas, como discutido recentemente, nenhuma barreira é absolutamente infalível.

No último dia 17 de novembro, tive a oportunidade de participar do programa ‘Sem Censura’, exibido pela TV Brasil, onde pude aprofundar a análise desse contexto e responder dúvidas recorrentes sobre segurança condominial. O debate, mediado por Cissa Guimarães e acompanhado por convidados de destaque, abordou de forma prática as principais vulnerabilidades do ambiente condominial. Destacamos que, apesar do investimento em tecnologia, ainda são as pequenas falhas nos processos, como rotatividade de funcionários, fluxo elevado de moradores e visitantes e a mudança constante nos hábitos cotidianos, que facilitam ações criminosas e tornam o condomínio alvo de furtos e invasões.

Durante o programa, ressaltei que mecanismos como a portaria eletrônica, cada vez mais presentes nos edifícios, são pautados por procedimentos impessoais. Embora tragam vantagens em termos de automação e redução de custos, sua eficácia depende da correta configuração de protocolos e do engajamento dos moradores em seguir as regras. A busca incessante por mais segurança, inclusive com o auxílio de recursos como barreiras físicas, câmeras, reconhecimento facial e IA, pode gerar desconforto na rotina dos condôminos, que costumam resistir a mudanças que afetem o nível de comodidade dentro das áreas comuns.

Outro ponto importante discutido foi a responsabilidade dos condomínios perante situações de furtos e assaltos. Expliquei que, em regra, a segurança pública é atribuição do Estado, mas o condomínio pode sim ser responsabilizado, principalmente em casos em que haja facilitação por parte da portaria ou negligência em procedimentos internos. Também abordei situações em que as normas internas, como a Convenção de Condomínio ou o Regimento, estabelecem explicitamente o dever de proteção, tornando o condomínio responsável por eventuais danos sofridos pelos moradores.

O papel da tecnologia e da Inteligência Artificial nos condomínios também foi tema do debate. Sistemas de reconhecimento facial já são uma realidade, facilitando o controle de acesso, a gestão de prestadores de serviços e até processos cotidianos como agendamento de áreas comuns. Destacamos que a IA pode ser uma aliada importante, automatizando tarefas, otimizando recursos e trazendo mais segurança, desde que sua implantação respeite os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e seja acompanhada de políticas claras sobre o tratamento das informações dos condôminos.

Por fim, a conversa incluiu diretrizes para o correto manejo de animais de estimação e o papel das assembleias na definição das regras de convivência. Reforcei que, embora haja legislações protetivas, cada condomínio tem autonomia para regular aspectos como o uso de elevadores, áreas comuns, e demais questões que envolvem o bem-estar e a segurança de todos os moradores.

Convido a todos que desejam compreender melhor os desafios e soluções relacionados à segurança condominial, automação e gestão de conflitos a conferir o programa ‘Sem Censura’ na íntegra. O episódio está disponível no canal oficial da TV Brasil no YouTube e pode ser acessado pelo link abaixo:

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